O Museu da Pessoa está lançando o “Coleções”, nova experiência digital para o público compartilhar sua própria curadoria de histórias do acervo. Os usuários podem criar suas coleções com imagens e histórias e compartilhá-las com amigos e nas suas redes sociais. O Museu da Pessoa existe há 30 anos, é um museu colaborativo e virtual dedicado às histórias de vida, e conta com cerca de 18 mil histórias e 60 mil fotografias em seu acervo.

“As pessoas podem organizar conteúdos do acervo do museu em forma de playlists visualmente atrativas, compartilhando histórias e narrativas. É para o público se sentir parte do museu, como se fosse um dos nossos curadores”, afirma Odilon Gonçalves, diretor de tecnologia do museu. O público pode criar suas coleções adicionando, a cada nova coleção, comentário, título, imagem de capa, palavras-chave. “O Museu é um espaço colaborativo e a ideia é que as pessoas possam destacar conteúdos que impactem sua rede, amigos e familiares”, afirma.

Algumas Coleções já criadas: indígenas, quilombolas e pessoas comuns reconhecidas como patrimônio. Entre os conteúdos já gerados, estão, por exemplo, “Memórias das Comunidades Quilombolas de Paracatu”, que traz entrevistas com vinte pessoas da comunidade. Paracatu é conhecida como um local onde há muita procura e cobiça pelo ouro e a população de escravos aumentou ao longo dos séculos. Apesar de atualmente ter força na agricultura, pecuária e mineração, possui comunidades de remanescentes de quilombolas que, em graus variados, mantêm fortes laços de união, memórias e tradições. Esta coleção mostra a história dessas pessoas.

Já em “Histórias dos Alagados”, a coleção é resultado de um projeto acadêmico sobre o percurso formativo dos moradores do bairro do Uruguai, em Salvador, Bahia. O Uruguai é um dos bairros pertencentes ao território conhecido como Alagados, cuja origem se deu a partir da ocupação da maré, com a construção de casas de palafitas por migrantes vindos, sobretudo, do interior da Bahia em busca de oportunidades, quando a região se tornou pólo industrial de Salvador, nos anos 1930. O projeto de pesquisa acadêmica encontrou forte sinergia com a missão do Museu da Pessoa de tornar acessíveis as histórias de vida das pessoas de Alagados, reconhecendo-os como patrimônio da humanidade.

Em “Vidas Indígenas: A ancestralidade vive na memória”, por exemplo, são apresentados vídeos produzidos por indígenas de três povos: Guarani Mbyá, Tupinambá de Olivença e Nawa. Esses registros são resultados de um trabalho de formação virtual feito pelos indígenas nas suas comunidades, em 2021. O objetivo é de que os jovens registrem a vida dos anciãos e anciãs da comunidade, preservando as narrativas de seu povo. Uma das histórias é de Francisca Batista Carneiro Nawa, que conta as histórias de sua família, de seringueiros e roceiros. Seu pai fazia barcos e sua mãe, cerâmica, fazendo potes e panelas.

“Eu tinha 11 anos e ela me colocava para preparar o barro, tirava as cascas dos igarapés e preparava tudo para fazer pote e panela”. “Eu tinha 14 anos quando fiz meu primeiro pote, tudo bem feitinho”.

O público pode criar coleções com o tema que desejar. As criações de coleções já estão disponíveis no site do Museu da Pessoa.

Conte sua história

O Museu também acaba de lançar o “Conte sua história”, uma nova experiência que facilita a vida do usuário que queira gravar suas histórias e, com isso, manter a sua memória viva. São duas as maneiras que o público pode compartilhar seu conteúdo. O primeiro deles é o “Conte livre”, que traz uma experiência completa, imersiva e profunda, em que o público também pode incluir, além do seu depoimento, imagens, músicas e vídeos que desejam no seu perfil.

A outra opção é a de gravação guiada, em que o público pode contar sua história gravando um vídeo de até três minutos respondendo perguntas que já trazem alguns temas principais, como “Qual é o seu legado?” e “Como a pandemia da Covid-19 impactou a sua vida?”. Neste “cardápio de temas”, o público pode se guiar por este link e escolher qual dos temas deseja desenvolver.

 Fonte: Mercadizar