Deputada queria responsabilização dos jornalistas por entrevista com o delegado Alexandre Saraiva, que a criticou na TV

 

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) perdeu na Justiça uma ação que movia contra a Globo e contra os jornalistas Andréia Sadi, Octavio Guedes, Marcelo Lins e Daniel Rocha, da GloboNews, por conta de críticas feitas pelo delegado federal Alexandre Saraiva em uma entrevista à emissora. Carla Zambelli queria a responsabilização dos jornalistas e da empresa, alegando que eles não a defenderam quando o delegado fez ataques a ela ao repercutir o caso dos assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo em maio de 2022.

Na entrevista, em junho do ano passado, Alexandre Saraiva acusou Carla Zambelli e outros parlamentares de apoiarem o garimpo ilegal. Com isso, ela entrou com a ação contra ele e também contra os jornalistas que o entrevistaram, cobrando R$ 100 mil por danos morais.

Durante a entrevista, Saraiva afirmou que o país tem “uma bancada do crime” e “uma bancada de marginais”. “Para mim, são bandidos, até pela forma como se comportaram quando eu fui convidado para ir a uma audiência”, disse ele, sobre uma reunião no Congresso. “Eu, que fui a tantas audiências criminais, com advogados e criminosos sentados à minha frente, nunca fui tão desrespeitado pelos criminosos presos, como naquele dia lá na Câmara. Ela (Carla Zambelli) foi defender madeireiro junto com Ricardo Salles”, disse.

Na sentença de primeira instância, revelada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, o juiz Manuel Eduardo Barros, do 2º Juizado Especial Cível de Brasília, rejeitou o pedido contra os jornalistas argumentando com o princípio da liberdade de imprensa. Em relação ao delegado, o juiz concluiu que ele apenas proferiu críticas sobre o comportamento de Carla Zambelli em uma audiência pública e que “a mera utilização de expressões tais quais as utilizadas pelo réu não são suficientes para afrontar a honra e integridade moral de quem ocupa um cargo público”. Além disso, o juiz disse que Carla “a todo tempo se expõe em situações controversas, senão vexatórias, tal qual a perseguição armada a um homem em São Paulo”.

A deputada federal ainda pode recorrer da decisão para tentar reverter a sentença.

Fonte: O tempo