Minas Gerais é um dos alvos da operação Dilúvio Moral, desencadeada pelas polícias civis de Minas (PCMG) e Rio Grande do Sul (PCRS). A ação, além de território mineiro, ocorre em São Paulo, visando reprimir crimes de estelionato mediante fraude eletrônica e associação criminosa.
A operação, que também contou com a participação da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCESP), teve como objetivo cumprir três mandados de prisão e quatro mandados de busca e apreensão contra indivíduos responsáveis pela falsa oferta de gratuidade de antenas via satélite, sob o pretexto de que os equipamentos estariam sendo doados por uma empresa estrangeira, devido à calamidade causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
A fraude consistiu na criação de uma página na internet simulando o site de uma empresa estrangeira, onde os indivíduos ofereciam antenas de acesso à internet via satélite de forma gratuita, sendo necessário apenas o custeio do frete.
Após o preenchimento de dados pessoais, os usuários eram redirecionados para uma nova página falsa, simulando um website de processamento de pagamentos. Na página simulada, era disponibilizado um QR Code para o pagamento do suposto frete via Pix. O valor transferido era direcionado para um gateway – uma rede de comunicações – de pagamentos, que repassava o valor para o local indicado pelos golpistas.
No caso, o valor era repassado para empresas de vendas e marketing digital operadas pelos investigados, captando os valores com aparência de licitude, simulando a venda de um produto ou serviço oriundo de suas empresas.
Os levantamentos apontam que os suspeitos se aproveitaram da calamidade vivenciada no estado do Rio Grande do Sul como atrativo, dado que a empresa estrangeira de fato realizou doações de equipamentos para o Estado para auxiliar na comunicação das equipes de segurança e salvamento durante o período de enchentes.
Investigação
Uma vez identificada a fraude, a PCRS retirou as páginas da internet e bloqueou as contas dos investigados. Em seguida, identificou e responsabilizou os suspeitos. Os levantamentos apontam que os valores transferidos a fintechs – tecnologia e inovação aplicadas na solução de serviços financeiros – e aos gateways de pagamento eram destinados a empresas de fachada ligadas a um suspeito de 22 anos, de São Bernardo do Campo (SP), e a outros dois suspeitos, de 24 e 20 anos, ambos de Minas Gerais. Eles usavam fintechs e gateways de pagamento para ocultar a origem dos valores e realizar movimentações financeiras obscuras.
Com o conjunto probatório obtido na investigação e os objetos eletrônicos apreendidos durante a operação, as investigações seguirão buscando outros elementos de prova e possíveis novos integrantes do grupo.
Força-tarefa
O grupo de Delegados e Agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) foi destacado com o objetivo principal de reprimir práticas criminosas virtuais que utilizem a atual situação do estado do Rio Grande do Sul para obter vantagens de qualquer natureza.
Até o momento, foram realizadas dez prisões preventivas, incluindo duas em Lagoa da Prata (MG), nesta quarta-feira (3/7). Além disso, mais de 50 medidas cautelares foram deferidas pelo Poder Judiciário após pareceres favoráveis do Ministério Público. A ação contou com o apoio da PCMG em Lagoa da Prata.
FONTE: HOJE EM DIA